Comentários Sobre o Grau de Probacionista

Editorial, The Equinox Vol. I No. 3:

Os Probacionistas são lembrados de que o objetivo das Provações e Ordálios é um: a saber, selecionar Adeptos. Mas o método se manifesta de maneira dupla: (i) fortificar o apto; (ii) eliminar o inapto.

Primeiras páginas, The Equinox Vol. I No. 5:

O Chancellor da A∴A∴ vê com insatisfação a prática de Probacionistas trabalhando em conjunto. Um Probacionista deve trabalhar com seu Neófito, ou sozinho. Quebrar essa regra pode provar ser um obstáculo para o avanço.

Oito Palestras Sobre Yoga, Capítulo 8:

Espera-se que você gaste pelo menos três meses estudando alguns dos clássicos sobre o assunto. O principal objetivo disto não é instruí-lo, mas sim familiarizá-lo com o trabalho básico, e em particular evitar que você tenha a ideia de que existe certo ou errado em matéria de opinião. Você passa por um exame que tem o objetivo de assegurar que sua mente está bem fundamentada neste assunto, e você se torna um Probacionista. Suas leituras terão lhe dado alguma indicação quanto ao tipo de coisa na qual você provavelmente será bom, e você selecionará as práticas que mais lhe parecerem promissoras. Você segue em frente com elas, e mantém um registro cuidadoso do que você faz, e de quais resultados ocorrem. Após onze meses, você submete um registro para o seu superior; é dever dele corrigir onde você errou, e particularmente encorajá-lo onde você acha que falhou.

Liber ABA, Parte 1:

Após três meses o Estudante é examinado nestes livros, e se seu conhecimento sobre eles for tido como satisfatório, ele pode se tornar um Probacionista, recebendo Liber LXI e o santo livro secreto, Liber LXV. O principal ponto deste grau é que um mestre é designado ao Probacionista, cuja experiência pode conduzi-lo em seu trabalho.

Ele pode escolher as práticas que ele preferir, mas em todo caso precisa manter um registro exato, de modo que ele possa descobrir a relação de causa e efeito em seu trabalho, e de modo que a A∴A∴ possa julgar seu progresso, e dirigir seus estudos posteriores.

Após um ano de probação ele pode ser admitido como um Neófito da A∴A∴, e receber o santo livro secreto Liber VII.

Estas são as principais instruções práticas que todo Probacionista deveria seguir: Libri E, A, O, III, XXX, CLXXV, CC, CCVI, CMXIII.

Carta de Aleister Crowley para Jane Wolfe, 19 de junho de 1919:

O pior hábito possível é discutir suas atividades ocultas com “críticos”, ou qualquer outra pessoa. O treinamento da A∴A∴ oferece a crítica de um especialista ao final de um ano; durante esse período supõe-se que você guarde [suas atividades] para si. Você não pode trabalhar com outras pessoas, exceto em coisas muito excepcionais. O trabalho preliminar, a aquisição de uma técnica mágica e mística, é absolutamente individual.

Trecho de A Ciência do Ocultismo:

O estudante, tendo passado [no exame], torna-se um Probacionista. Durante um ano inteiro ele se ocupa com os experimentos que ele julgar convenientes – ele é deixado ao seu próprio julgamento – e ele deve manter um registro de cada dia de trabalho. No final do ano, esse registro é estudado pelos examinadores, e é criticado em detalhes. Somente um trabalho duro, contínuo e inteligente, permite que o Probacionista passe a Neófito.

Editorial, The Equinox Vol. I No. 5:

Fui solicitado pela Autoridade a dizer algumas palavras sobre as relações que devem subsistir entre um Neófito e seus Probacionistas. Embora o Neófito seja obrigado a demonstrar “zelo em serviço” a seus probacionistas, não é parte de seu dever soar o toque de recolher continuamente. Ele tem seu próprio trabalho para fazer — trabalho muito sério e importante — e não podemos esperar que ele gaste todo seu tempo fazendo bolsa de seda com orelha de porco. Não se espera que ele determine tarefas definitivas, e ele nem tem auroridade para fazer isso. O Probacionista é deixado sozinho de propósito, já que o objetivo da Probação é principalmente que aqueles em posição de autoridade possam descobrir a qualidade da matéria-prima. É dever do Probacionista realizar os exercícios recomendados em seus livros, e submeter um registro de seus resultados para crítica. Se ele se achar em uma dificuldade, ou se quaisquer resultados inesperados ocorrerem, ele deve se comunicar com seu Neófito, e ele deve se lembrar que embora ele possa escolher as práticas que mais o atraem, é esperado que ele demonstre familiaridade considerável com todas elas. Mais do que familiaridade, deveria ser experiência; doutra forma o que ele fará quando for um Neófito e for consultado por seus Probacionistas? É importante que ele esteja armado em todos os pontos, e eu estou autorizado a dizer que ninguém será admitido como um Neófito a menos que seu ano de trabalho dê evidências de considerável consecução nas práticas fundamentais, Asana, Pranayama, assunção de Formas-Deus, vibração de nomes divinos, rituais de banimento e invocação, e as práticas delineadas nas seções 5 e 6 de Liber O. Embora ele não seja examinado em nada disso, a experiência básica é necessária de modo que ele possa ajudar inteligentemente aqueles que estarão sob sua supervisão.

Mas que ninguém imagine que os que estão em posição de autoridade pressionarão os probacionistas para trabalharem duro. Aqueles que são incapazes de trabalho duro podem de fato ser empurrados, mas no momento em que a pressão é removida, eles voltarão ao normal, e o propósito da A∴A∴ não é fazer nada senão tornar seus estudantes independentes e livres. Instruções completas foram postas ao alcance de todos; que eles se assegurem de que fazem uso completo de tais instruções.

The Confessions of Aleister Crowley, Capítulo 62:

Por exemplo; o juramento de um Probacionista aparentemente não envolve nenhuma dificuldade de qualquer tipo; nenhuma penalidade é mencionada ou implicada; o aspirante meramente se compromete a “realizar a Grande Obra, que é obter o conhecimento da natureza e poderes de meu próprio ser”. Não se espera que ele atinga qualquer estágio de conhecimento particular no final de sua probação; ele está livre para escolher as práticas que mais o atraírem; e, dado que seu registro demonstre que ele devotou uma proporção razoável de seu tempo livre à Obra, ele é inexitantemente passado ao grau de Neófito. Soa como se fosse impossível alguém falhar. No entanto, na verdade apenas 8% consegue concluir o ano de probação. O motivo é que tão logo um homem se convença a entrar no Caminho dos Sábios, ele desperta automaticamente hostilidade suprema de toda força, interna ou externa, em sua esfera.

Além disso, eu restaurei a regra original da Ordem de que seus membros não deveriam se conhecer oficialmente e ter o mínimo possível a fazer uns com os outros. Teoricamente, um membro só deveria conhecer seu introdutor e aqueles que ele mesmo introduz. Nas presentes condições da sociedade é praticamente impossível manter essa regra com absoluta rigidez, mas eu me mantenho o mais próximo possível do ideal. De fato eu relaxei a regra, até certo ponto, em 1910 — foi o maior erro que eu já cometi, e os problemas causados naquela época nunca foram completamente reparados.

The Confessions of Aleister Crowley, Capítulo 68:

Eu acreditava então, e acredito agora, que ao Probacionista da A∴A∴ quase sempre é oferecida a oportunidade de trair a Ordem, assim como o Neófito é quase sempre tentado por uma mulher. Nós lemos no Livro da Lei, cap. I, verso 34: “…os ordálios eu escrevo não: …” “… ele [a Besta] pode tornar severos os ordálios.” (V. 38). “Existe uma palavra a dizer sobre a tarefa Hierofântica. Contemple! há três ordálios em um, e ele pode ser dado de três modos. O grosseiro precisa passar pelo fogo; que o refinado seja testado em intelecto, e os escolhidos exaltados no altíssimo. …” (V.50) Os ordálios tu deves supervisionar tu mesmo, exceto apenas os cegos. Não recuse nenhum, mas tu conhecerás & destruirás os traidores. Eu sou Ra-Hoor-Khuit; e eu sou poderoso para proteger meu servo. …” (cap. III, v.42)

Estes ordálios “cegos” se referem aos testes de aptidão sobre os quais falamos. Nos mistérios antigos era possível apontar ordálios formais. Um jovem entraria no Templo para ser iniciado e ele saberia perfeitamente bem que sua vida dependia dele provar seu valor. Hoje em dia o candidato sabe que seus iniciadores não irão assassiná-lo, e qualquer ordálio proposto por eles obviamente parece uma pura formalidade. Na Sala da Maçonaria ele pode jurar alegremente manter silêncio sob a pena de ter sua garganta cortada, sua língua arrancada, e todo o resto; o juramento se torna uma farsa.

Na A∴A∴, que é genuinamente uma Ordem Mágica, não há juramentos extravagantes. O candidato jura simplesmente para si, e sua obrigação o compromete meramente a “obter o conhecimento científico da natureza e poderes de meu próprio ser”. Não há penalidade associada com a quebra desta resolução; no entanto, assim como essa resolução contrasta com os juramentos de outras ordens no que diz respeito à simplicidade e naturalidade, assim também contrasta no que diz respeito às penalidades. Romper com a A∴A∴ realmente envolve os mais terríveis perigos à vida, liberdade e razão. O menor dos erros é atingido com a mais inevitável justiça.

O que realmente acontece é o seguinte. Quando um homem cerimonialmente afirma sua conexão com a A∴A∴, ele adquire os poderes completos de toda a Ordem. A partir daquele momento, ele é capacitado a fazer sua verdadeira vontade ao máximo sem interferência. Ele entra em uma esfera na qual qualquer distúrbio é diretamente e instantaneamente compensado. Ele colhe a recompensa de toda ação imediatamente. Isso porque ele entra naquilo que eu chamo de um mundo fluído, onde todo estresse é ajustado automaticamente e de uma vez só.

Assim, normalmente, suponhamos que um homem como Sir Robert Chiltern (em Um Marido Ideal) aja corruptamente. Seu pecado o afeta, não diretamente, mas após muitos anos e de um jeito que não tem conexão lógica evidente com sua ofensa. Se Chiltern fosse um Probacionista da A∴A∴, sua ação teria sido equilibrada imediatamente. Ele vendeu um segredo oficial por dinheiro. Ele teria descoberto em alguns dias que um de seus próprios segredos foi traído, com uma consequência desastrosa para ele. Mas além disso, tendo acionado uma corrente de deslealdade, por assim dizer, ele teria encontrado deslealdade causando danos a ele de novo e de novo, até que ele tivesse sucesso em destruir em si qualquer possibilidade de algum dia ser desleal novamente. Seria superficial considerar essa penalidade aparentemente exagerada como injusta. Não é suficiente pagar olho por olho. Se você perdeu sua visão, você não tropeça sobre algo apenas uma vez; você continua tropeçando, de novo e de novo, até que você recupera sua visão.

As penalidades pelo erro não são aplicadas por ato deliberado dos Chefes da ordem; elas ocorrem no curso natural dos eventos. Eu não preciso nem me importar em dizer que estes eventos foram arranjados pelos Chefes Secretos. O método, se eu o compreendo corretamente, talvez possa ser ilustrado por uma analogia. Suponhamos que eu fui advertido por Eckenstein que eu sempre devo testar a firmeza das rochas antes de apoiar meu peso nelas. Eu negligencio essa instrução. É desnecessário que Eckenstein viage por todo o mundo e coloque rochas não-confiáveis em meu caminho — elas já estão lá; e eu me depararei com elas quase toda vez em que eu escalar, e ficarei mais ou menos angustiado toda vez que encontrá-las. Do mesmo modo, se eu omitir alguma precaução mágica, ou cometer algum erro mágico, minha própria fraqueza irá me punir quando quer que as circunstâncias determinem o problema apropriado.

Pode-se dizer que essa doutrina não é uma questão de Magia, mas de senso comum. Verdade, Magia “é” senso comum. Qual é então a diferença entre o Magista e o homem ordinário? É esta, que o Magista demandou que a natureza deve ser para ele um modo fenomenal de expressar sua realidade espiritual. Deste modo, as circunstâncias de sua vida são uniformemente adaptadas para seu trabalho.

Liber CLXV: A Master of the Temple, em The Equinox Vol. III No. 1:

No dia 19 de dezembro sua prática [de Asana] durou 46 minutos. Ele esperava alcançar 60 minutos da próxima vez. Mas parece que ele não o fez, porque após assinar seu Juramento de Probacionista no dia 24 de dezembro, não encontro nenhum registro até dia 1 de janeiro de 1910 .e., o dia em que ele recebeu suas primeiras instruções escritas de seu Neófito, Frater P.A. Como essas instruções representam a base sobre a qual ele trabalhou for um considerável período, eu devo incluí-las aqui, a despeito do fato de que estava fora de questão para ele trabalhar seguindo quaisquer instruções definidas, já que se supõe que o Probacionista trabalhe por conta própria as práticas que mais lhe agradem, e experimentá-las por si só. No entanto, desde que ele não sabia isso na ocasião, ele não pode ser culpado por fazer o seu melhor seguindo as linhas estabelecidas por seu Neófito¹.

¹. É presunçoso que um Neófito estabeleça regras; porque (a) ele possivelmente não consegue saber o que seu Probacionista precisa, não tendo um registro para guiá-lo; (b) a tarefa do Probacionista é explorar sua própria natureza, e não seguir qualquer curso prescrito. Uma terceira objeção é a de que colocando um Probacionista em espartilhos, uma pessoa completamente mole pode esgueirar-se por seu ano, e se tornar um Neófito, para a vergonha da Ordem. Mas essa objeção é teórica; pois a Iniciação é supervisionada pela Terceira Ordem, onde nenhum Erro pode persistir. O.M.

Carta de Marcelo Ramos Motta de 9 de julho de 1975:

O Neófito não está qualificado para aconselhar ou orientar Probacionistas: ele deve se limitar a fiscalizar o cumprimento (ou não cumprimento) do Juramento e Tarefa por parte de cada um, e referir qualquer problema que se apresente ao seu Zelador. Caso Probacionistas tenham evidência de que a conduta de seu Neófito está, esteve ou está ficando fora destes limites bem definidos, eles devem imediatamente se comunicar Conosco.